segunda-feira, 19 de julho de 2010

Da "Falsa Humildade"

Introdução
Por vezes quando ouvimos um jogador de futebol falar a respeito do jogo, percebemos que eles se consideram menores do que realmente são quando diante das câmeras.
As frases dos mais variados tipos, tendem sempre a exaltar a equipe adversária em detrimento da própria equipe. Se por um lado, é verdade que seria muita jactância elevar-se, por outro percebemos como ridículo a tentativa de parecer menor do que é, ou parecer melhor do que acredita ser.

1- A jactância
A jactância consiste no ato de dizer bem de si mesmo para ostentar seu poder ou parecer maior do que é.
Segundo Tomás de Aquino, a jactância pode não se opor a verdade diretamente, quando, por exemplo, esnobamos nossas posses. "Tenho uma Ferrari. Você não sabia?" Tal frase pode não ser mentira, contudo, pretende que o fato de possuir uma ferrari tenha mais valor do que realmente tem. Uma supervalorização. Dessa maneira, Tomás de Aquino categoriza a Jactância de duas maneiras:
a)Segundo a espécie do ato - Há vezes em que a jactância se opõe diretamente à verdade, quando se diz de si algo maior do que se é.
b)Segundo sua causa - Na maioria das vezes, a jactância (bem como outros pecados) provém da soberba.

2- A Ironia
A palavra ironia provém do latim ironia e do grego ironeia e significa dissimulação, ignorância. Na verdade, em português empregamos a palavra quando queremos falar algo ao contrário do que realmente é, indicando certo sarcasmo. Porém nesse contexto iremos utilizar a definição mais condizente com a Suma que seria dizer-se menos do que é.
A- Se a falsidade é um pecado, decorre-se que a "ironia" seria um pecado. A ironia diminuiria a realidade ou seu significado ao passo que a jactância aumentaria a realidade ou seu significado.
B- Todavia, se é um pecado o orgulho, a jactância, a vaidade , soberba etc, a ironia pode ser encarada como o ato de evitar tais pecados.
Ora, se não se pode utilizar um pecado para evitar o outro, como que dissimular a respeito da própria realidade pessoal seria conveniente? Tomás acrescenta que , além disso, como a bondade da alma inclina-se à perfeição, é natural que se incline também à justiça, de maneira que não seria possível separar a justiça da perfeição. (Não é possível uma perfeição sem justiça)



Bibliografia: Tomás de Aquino - Suma Teológica, Secunda Secundae.(Questões 110 e 112)

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