sábado, 4 de junho de 2011

Aula 1 - Introdução à Lógica

Introdução à Lógica

"Es admirable la miseria y la grandeza de la simple aprehensión.

 Es admirable su miseria, porque deja de lado infinidad de aspectos de la realidad; 
pero es más admirable su grandeza porque alcanza lo esencial."
Pe Álvaro Calderón - Umbrales de la Filosofia (pág 53)

1-Introdução

É muito comum em discussões informais , o interlocutor afirmar que tal conclusão não possui lógica. Mas na maioria das vezes nenhum os interlocutores sabe realmente do que se trata.
A lógica (do grego logos) é impreterível para qualquer ciência, uma vez que toda ciência se utiliza do raciocínio para se fundamentar.
  • Lógica: Arte de conduzir o raciocínio corretamente.
Já Aristóteles, tentava justificar a Lógica como Arte e como Ciência ao mesmo tempo, uma vez que a Lógica se comporta tanto como um quanto outro. Observemos as definições Tomás de Aquino de arte e ciência:
  • Arte: Conhecimento regulador da atividade exterior. (Recta Rabo Factibilium)
  • Ciência: Conhecimento desinteressado das coisas pelas suas causas. (Cognitio per Causas)
Ora, nessas duas acepções, vemos que a Lógica se encaixa. Se encaixa na acepção de Arte, pois a Lógica possui um conjunto de regras e orientações que vêm dirigir uma atividade exterior, no caso o raciocínio. E se encaixa na acepção de Ciência, pois a Lógica é um conjunto de conhecimentos desinteressados acerca de algo, a saber: as operações do Espírito.


2- As operações do Espírito

Segundo Aristóteles, são três as operações do Espírito:
  • Apreensão - É o simples ato pelo qual a inteligência concebe a idéia, sem nada afirmar ou negar.
  • Juízo - Simples ato de negar ou afirmar alguma coisa a respeito de algo.
  • Raciocínio - Ato complexo onde de duas ou mais relações conhecidas, observa-se outra relação.
Podemos perceber que as três operações estão relacionadas, de forma que uma contém a outra. Assim é que o Juízo contém idéias e o Raciocínio contem Juízos.

Se, ao olhar para uma maçã, crio imediatamente uma idéia de maçã, posso posteriormente fazer juízos a respeito dela. Tal é quando expressamo-nos "A maçã é vermelha" ou "A maçã é pequena". No juízo apenas explicita-se uma característica da maçã que foi apanhada(apreendida), tomada quando se construiu a idéia. Emitimos falsos juízos quando temos falsas idéias, em geral. No caso do juízo "A maçã é azul" ou o indivíduo não apreendeu corretamente a maçã, por motivos vários ou está mentindo, fazendo mau juízo do objeto. Na emissão do juízo sempre temos um substantivo, um verbo e às vezes um predicado. Ex.: O homem fala. O homem é animal.
Quando relaciona-se um juízo com outro, emitimos um raciocínio. Assim é que, quando ao observar a cor do sangue, dizemos que é semelhante à cor da maçã. Notamos através no raciocínio uma relação de igualdade entre o sangue e a maçã através da cor. Ainda quando fazemos deduções como "Os homens são Animais. Esse ser-vivo é homem, logo é animal", estabelecemos relações entre duas ou mais relações.
No que diz respeito às operações do espírito, a lógica pode encará-las individualmente ou conjuntamente. A parte da lógica que estuda cada operação separadamente chama-se Lógica Formal (ou Lógica Menor) , a parte da lógica que estuda as operações como um todo chama-se Lógica Material (ou Lógica Maior).

3- A apreensão

a) A idéia
Todo homem quando se depara com um estímulo sensorial, pode criar uma idéia a respeito do objeto que o estimula e esse exercício, como vimos, é chamado de apreensão. O processo de estímulo até chegar ao intelecto do indivíduo é estudado em Psicologia. A lógica evita tratar das questões subjetivas da apreensão.
A apreensão é obrigatoriamente simples pelo fato de não concluir nem relacionar nada, como se fosse uma foto do objeto que se apreendeu. É um ato intelectual, pois somente os espíritos dotados de inteligência podem exercê-la e é uma expressão, pois a apreensão se dá ao representar no intelecto aquilo que os sentidos averiguaram. Essa representação (essa "fotografia") chamamos de idéia.
  • Idéia - Simples representação determinada de um objeto sensível.
b) Idéia objetiva e Idéia Subjetiva
A idéia é o elemento mínimo de raciocínio. Sem idéia não é possível emitir um juízo e um raciocínio. A idéia também pode ser denominada de conceito ou noção.
A idéia se categoriza em:
  • Idéia objetiva - A idéia objetiva é a representação mental do objeto enquanto objeto
  • Idéia subjetiva - A idéia subjetiva é a representação mental do objeto enquanto idéia.
A idéia é o meio pelo qual a inteligência conhece, mas pode ser distinguida dessa forma já que a inteligência pode encarar a idéia como o próprio objeto que ela conhece, quase como se não distinguisse a idéia de maçã da maçã propriamente, já que a inteligência não tem acesso direto à maçã (isto é: precisa que os sentidos lhe informem).
O termo idéia subjetiva é quando a inteligência nota que está lidando com uma representação de maçã e não com a maçã propriamente. A idéia subjetiva só pode ser apreendida dentro da inteligência através da reflexão, em que a inteligência olha para si mesma e percebe o seu funcionamento e os objetos com que ela lida.
A idéia subjetiva também pode ser chamada de Conceito Mental (Jolivet). Contudo, me parece confuso tal termo, uma vez que toda idéia é a representação mental de algo.

c)Ente Real x Ente de Razão
O objeto que se conhece pode ser realizável fora ou dentro da inteligência. Assim distingue-se entre ente real e ente de razão.
  • Ente real - seres cuja essência pode ser realizada fora da inteligência humana
  • Ente de razão - seres cuja essência não pode ser realizada fora da inteligência humana.
Existem alguns seres que a inteligência cria através de abstração ou de simples representação. Assim são os casos dos números e do conceito(idéia) de nada. Quando aprendemos matemática, lidamos com a quantidade abstraída dos objetos. Não precisamos quando calculamos de que os objetos venham a nossa mão para calcular um resposta. Da forma semelhante é o caso do nada ou da virtude. A virtude é a característica de alguém. podemos abstrair a virtude do ser-humano e tratá-la na inteligência de diversas formas. O nada não existe senão na representação mental. Ora todos esses entes são entes de razão, pelo simples fato de que não possuem essência realizada fora da inteligência. No caso do nada, a inteligência empresta-lhe uma essência, já que o nada não pode possuir essência. Os entes de razão se subdividem em três categorias:
  • Negação - Aqueles entes que na verdade são a negação de outro. ex.: Nada, não ser etc.
  • Privação - Aqueles entes que pretendem representar a perda de algum ente. ex.: Cegueira, surdez etc.
  • Noções universais - Aqueles entes que pretendem generalizar um grupo de entes. ex.: humanidade, bondade etc.
Em oposição aos entes de razão, tem-se os entes reais, aqueles entes cuja essência tem realização dentro e fora da inteligência, mesmo dentro da impossibilidade técnica ou material. Ex.: este gato, esta flor, montanha de ouro, prédio de mil andares etc.

4- Conclusão

Estes termos devem ser bem associados, pois serão adotados ao longo de todo o curso, bem como em obras filosóficas. Também suas definições deverão ser bem memorizadas, uma vez que delas dependem os raciocínios complexos da metafísica aonde demonstraremos claramente os equívocos dos pensadores contemporâneos.
Segue para auxílio, um conjunto de cinco vídeos aonde estarei explicando os termos.

5- Bibliografia

Jolivet, Regis - Curso de Filosofia, Vol I (Lógica e Cosmologia)
Collin, Enrique - Manual de Filosofia Tomista, Vol I (Lógica Formal, Ontologia e Psicologia)
Gardeil, H.D. - Iniciação à Filosofia de S. Tomás de Aquino
Tomás de Aquino - De ente et Essentia.
Aristóteles - Organon
Álvaro Calderón - Umbrales de la Filosofia

6-Videos






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