segunda-feira, 2 de julho de 2012

Aula 12 - Introdução à Lógica

"São ditas análogas as realidades que apresentam entre si algumas similitudes." 
H.D. Gardeil

1- Introdução

    Uma das questões mais interessantes em lógica é o estudo da analogia. Por dois motivos:

  1. A analogia é muito utilizada para fazer entender conceitos complexos.
  2. A analogia é o método que utilizamos para perceber o ser.
    Contudo se vê claramente que é preciso uma direção para aplicar a analogia corretamente e esta direção é a lógica que nos dá.

2- Da Analogia
    A Analogia consiste em uma unidade relativa entre dois seres e, por conseguinte, entre duas ideias. Isso quer dizer que não é uma unidade do tipo matemática aonde  X = 3 e nem uma unidade linguística como burro (animal) é a mesma palavra que burro (ignorante). Uma se refere a dois termos unívocos (x e 3) a outra se refere a dois termos equívocos(burro e burro). Na verdade, a analogia consiste em um meio termo entre essas duas relações. Vejamos o que diz Santo Tomás acerca da analogia:
"As atribuições analógicas nos aparecem manifestamente como intermediárias entre as atribuições unívocas e as atribuições equívocas. No caso de univocidade, com efeito, um mesmo nome é atribuído a sujeitos diversos segundo uma razão ou uma significação semelhante, assim o termo animal reportado ao cavalo e ao boi significa substância animada sensível. No caso da equivocidade, um mesmo nome vê-se atribuído à diversos sujeitos segundo uma razão totalmente diferente, como aparece evidentemente para o nome cão, atribuído ao astro e uma certa espécie animal. No que concerne às noções ditas analogicamente, um mesmo nome é atribuído a diversos sujeitos segundo uma razão parcialmente a mesma e parcialmente diferente: diferente pelos mesmos modos de relação: a mesma por aquilo a que se reporta a relação. (...)" Metafísica , XI , 1, 3 , n 2197.
    Assim fica estabelecido que a analogia é uma certa semelhança entre dois termos ou seres.

3- Espécies de Analogia
  1. Analogia de Atribuição
    A analogia de atribuição é quando atribuímos um termo a outro termo que não o contém. Assim diz-se que maçã é saudável, mas quando na verdade, saudável só o corpo. A maçã produz a saúde.
  2. Analogia de Proporcionalidade
    É aquela analogia que se encontra na semelhança entre duas relações. Desta forma, olho está para visão como ouvido está para audição.
  • Analogia Própria - Exatamente como a anterior
  • Analogia Metafórica - Analogia em que apenas um dos analogados possui o termo analogado. É quando se diz que os campos riem, quando na verdade eles não riem e nem sequer produzem o riso objetivamente. Mas por certa similitude entre o movimento da vegetação com o movimento do lábio no riso, pode-se dizer que os campos riem. Esta analogia é muito utilizada em teologia.
Figura: Analogia de Proporcionalidade


4- Conclusão
    A analogia de atribuição é pouco utilizada cientificamente. Contudo a analogia de proporcionalidade é utilizada tanto em ciências empíricas quanto em ciências abstratas como a metafísica. Em metafísica o uso da analogia de proporcionalidade é bastante reduzido e só é utilizado na demonstração de que o ser é análogo. Já a analogia metafórica só é utilizada em teologia. 
    Assim, sabendo da ciência que se está utilizando, deve-se escolher o tipo de analogia legítimo e, caso escolha, saber aplicar a analogia corretamente, conforme o quadro acima pôde evidenciar.

5- Bibliografia
H.D. Gardeil - Introdução à Filosofia de S. Tomás de Aquino (páginas 833 a 842)
E. Collin - Manual de Filosofia Tomista (páginas 34 e 35)
R. Jolivet - Lógica e Cosmologia (páginas 70 e 71)


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