quinta-feira, 26 de abril de 2012

Aula 8 - Introdução à Lógica

"Quia vero ex compositis simplicium cognitionem accipere debemus (...)
Santo Tomás de Aquino - De ente et Essentia, capítulo 1 - parágrafo 2

1- Introdução

    As idéias podem ser classificadas em diferentes grupos, dependendo do ponto-de-vista. Nesta aula trataremos dos pontos de vista da compreensão e extensão. Lembrando que a extensão são os seres aos quais convém uma ideia e a compreensão é o conteúdo de uma ideia. Assim, a ideia de números racionais convém a determinados sujeitos (3/4; 2/5 etc) e compreende a ideia de números inteiros (2; -3) e números naturais ( 0; 1; 5).



2- Quanto à Compreensão
  • Simples ou Composta
    A ideia pode conter um ou mais elementos. Caso contenha apenas um elemento, a chamamos de simples. Caso contenha mais elementos a chamamos de composta. Assim a ideia de "ser" é simples em relação a ideia de "homem".
    A ideia também pode ter seus elementos apreendidos separadamente. Caso seja possível essa apreensão separada, classificamos, da mesma forma, a ideia como composta. Caso contrário a chamamos de simples. Neste sentido, a ideia de "homem" é simples em relação a ideia de "montanha de ouro".
  • Concreta ou Abstrata
    A ideia pode ser aplicada a um sujeito ou a natureza de um sujeito. Quando a ideia se aplica somente ao sujeito, dizemos que é uma ideia concreta. Quando se aplica ao gênero do sujeito, é abstrata. No primeiro sentido teríamos a ideia de "homem", no segundo sentido teríamos a ideia de "humanidade".
  • Positiva ou Negativa
    A ideia também pode exprimir um ente possível ou uma privação. (Vide aula 1, 3 -c) Caso exprima um ente real, a chamamos positiva, caso exprima uma privação, a chamamos de negativa. (Vide de Ente et Essentia).
  • Direta ou Reflexa
    A ideia é a representação intelectual do objeto. (Vide aula 1) O objeto pode ser um objeto interior ou exterior, isto é , uma coisa ou uma ideia. Quando a ideia representa um ou mais objetos,  a chamamos direta. Quando a ideia represente uma ou mais ideias, a chamamos reflexa. Neste caso, a ideia é um produto de reflexão da inteligência sobre as ideias que detém.
3- Quanto a Extensão
  • Ideia Singular
    Aplica-se somente a um indivíduo. Como no caso "este livro".
  • Ideia Particular
    Aplica-se somente a uma parte da espécie ou gênero dado. Como no caso "alguns homens". Em geral vem sempre acompanhada pelo termo "alguns".
  • Ideia Universal
    Aplica-se a todos os indivíduos de uma espécie ou gênero dado. Como no caso "homem".
  • Conceitos Coletivos e Divisivos
    Os conceitos coletivos são aplicados a indivíduos em conjunto e os conceitos divisivos são aplicados a indivíduos tomados como tais.

    É estranho que haja uma classificação de idéias como idéias universais, uma vez que por definição a ideia é universal.
    Sobre essa questão, traduzimos um excerto de Enrique Collin:
    "Esta divisão afeta a ideia desempenhando a função de sujeito na proposição, e serve para determinar a zona de aplicação do atributo, diferente segundo a quantidade do sujeito; por exemplo na proposições seguintes: Este homem (singular) , algum homem (particular), todo homem (universal) é mentiroso. A ideia coletiva difere da universal em que expressa um grupo enquanto tal, o único a quem convém o predicado que se atribui-lhe; por exemplo Os apóstolos eram doze. Os Capetos reinaram muitos séculos. 
    Considerada em si mesma, sem nenhuma partícula determinativa, toda ideia é abstrata, como vimos, e, por tanto, universal. Quando se comparam muitas, somente pode dizer-se que tal ideia é mais geral que outra, se inclui a esta em seus inferiores; assim, a ideia de polígono é mais geral que a de triângulo, porque esta não é mais geral que a de triângulo, porque esta não é  mais que um dos inumeráveis inferiores daquela." 
    Em concordância com Collin, Gardeil afirma em seu tratado de Lógica Tomista:
    "Do ponto de vista da extensão, em si mesmo, todo conceito é universal, quer dizer, ele tem tôda a sua extensão."

4- Conclusão
    Essa distinção é de suma importância, pois em uma discussão ou argumentação, tanto falada quanto escrita, se inferirmos algo a partir da ideia "homem" somente será possível verificar a legitimidade da inferência se tiver em conta qual sentido cobre a ideia "homem" .
    
5- Bibliografia
H.D. Gardeil - Iniciação a Filosofia de Tomás de Aquino ; Tomo I, pág 176
Enrique Collin - Manual de Filosofia Tomista; Tomo I, págs 27 e 28
Regis Jolivet - Curso de Filosofia; Tomo I, págs 68 e 69
Tomás de Aquino - De Ente et Essentia

Um comentário:

  1. Rpz n sei qual seu objetivo com esse blog, mas vc podia direcionar suas aulas para concursos, colocando questões de raciocínio lógico de provas anteriores e comentando elas, sem deixar de dar toda teoria.

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